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Não, você não precisa de um “loguinho baratinho”

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Se você está precisando de uma identidade corporativa para sua empresa, seja porque a sua ficou velha, ou porque simplesmente é feia, ou porque você está iniciando os negócios, pode ter a impressão de que nunca as coisas foram tão fáceis. Afinal de contas, existem dezenas de sites oferecendo serviços aparentemente perfeitos por bagatelas que chegam a incríveis 5 dólares! Designers e mais designers se engalfinhando para fazer “sua logo”.

Como não aproveitar? Caso você ainda não conheça esses serviços, e se isso te seduz, nem precisa suar: eu mesmo te informo. Tem o Uplogos, o Logovia, o Workana, o WedoLogos e agora um tal de Fiverr, que promete logos profissionais pelos famosos 5 contos, o que me leva a crer que o vício em crack não torna o profissional menos produtivo.

Se você achou que um desses serviços é sob medida para sua empresa, pode parar de ler o texto aqui. Ele não é para você. Contate um dos referidos e seja feliz. Definitivamente, nós não fomos feitos um para o outro. Se por outro lado, o futuro da sua empresa é algo importante de verdade para você, talvez valha a pena perder alguns minutos e me deixar explicar os motivos pelos quais eu creio que esses serviços podem fazer mais mal do que bem para seu negócio.

1 – Sendo corporativista

Vamos tirar o argumento classista da frente logo de cara. Esses serviços realmente não contribuem em nada com o mercado. Tornam a vida de quem rala de verdade para por comida na mesa muito mais difícil.

Mas para falar a verdade, a concorrência desleal nem é o maior dos problemas. É que os profissionais que se dispõe a participar destes tipos de concorrência vão quase sempre estar entre dois tipos: os iniciantes, que podem até ter boa vontade, mas que nem sempre serão a melhor escolha para criar ou gerir sua marca. E os amadores, que, bem… são amadores.

O que você tem a ver com isso? Nada. Apenas quero que essa peça esteja também no tabuleiro quando você tomar sua decisão.

2 – Você não é designer.

O primeiro ponto que quero tocar parece besta. Na grande maioria desses serviços, você oferece quanto quer pagar, e dentro daquele seu orçamento, os designers passam a te oferecer opções de layouts até que você goste de algum. Parece bacana, não?

Não, não é.

Uma coisa que preciso te falar agora, empresário, e isso pode te chocar: você não é designer. Quem disse que, uma vez de posse de 50 logos distintos, você vai escolher o melhor? Ou adequado? Ou mesmo um que seja passável? Uma coisa que pode te deixar estarrecido é: dificilmente bons profissionais vão trabalhar por muito pouco dinheiro. É a lei do mercado. Um designer que senta e desenha 10 logos para te apresentar não gastou mais do que 5 minutos em cada um.

Então tudo leva a crer que, ao fim do processo, você tenha dezenas de marcas que no máximo serão “bonitinhas, mas ordinárias”. O que te faz pensar que você conseguirá extrair algum sumo considerável dessa fruta?

Quando você contrata um designer, você não o paga apenas para sentar e desenhar. Você o faz para que ele te ouça. Te entenda. Saiba quais são suas aspirações com sua empresa. A quem quer atingir, qual é seu mercado, quem são seus competidores.

Ou seja, para traçar uma estratégia para sua marca. Não adianta nada ter um logo parecido com o da Coca-Cola se no dia a dia você perde vendas para o cara que vende caldo de cana na esquina. Cada caso é um caso, cada logo é um logo.

Aceite. Você tem seu gosto, mas design não é só gosto. Você não sabe (e isso não culpa sua) escolher. Precisa de um profissional para isso.

3 – Responsabilidade

Quando você contrata um profissional para te prestar um serviço, está comprando, junto, a ética e responsabilidade dele. Não se esqueça, ele está fazendo uma operação com órgãos expostos naquilo que pode garantir seu sustento, sua empresa. Se alguma coisa der errado, ele tem responsabilidade nisso.

Mas o que pode dar errado numa criação de marca?

Você pode se surpreender com dezenas de casos de logos que se parecem com o que não deveriam, que causam constrangimento para seus proprietários, ou que simplesmente foram copiados descaradamente de outros. E como você vai reclamar com o designer com quem só tratou via internet, e que o máximo de informação que você tem é que mora em Feira de Santana e tem um desenho de uma laranja de óculos escuros no lugar do avatar?

4 – Relacionamento

No meu entender, se você quer que seu negócio vá adiante, deve tratá-lo com a devida importância. No mundo perfeito, um designer deveria ser como aquele médico que você vai mesmo sem estar doente, só para fazer o acompanhamento. Quanto mais tempo você mantém o relacionamento com o designer, mais familiarizado ele estará com sua marca, com seu mercado, e com você mesmo.

Costumo dizer que o processo de se criar uma marca é quase como “levar a empresa no psicólogo”. E na conversa com o profissional, nas perguntas e respostas que se chega a conclusões sobre o futuro, sobre cenários, sobre rumos. Correções de trajeto só podem ser feitas de forma eficiente se as partes estiveram juntas no caminho anterior.

Serviços como estes encontrados na internet não darão essa oportunidade para você e seu empreendimento. Simplesmente te entregarão um produto, e você que se vire com ele.

Muitos donos de negócio, depois de ter em mãos as peças mais básicas de sua identidade, entram numa vibe “agora eu já entendi”, e passam o trabalho para um designer mais baratinho, ou assumem, eles próprios, a comunicação, fazendo qualquer porcaria e colocando o logo embaixo. Tiro no próprio pé. Branding é investimento. É continuidade. É trabalho constante, sem prazo pra terminar. Conhecer seu designer é uma forma de se concentrar em fazer negócio, que é o que você sabe.

5 – Pensa bem, rapaz

A primeira impressão… bem, você sabe.

Você suou para ter sua empresa. Colocou nela o melhor de si. Acredita em seu produto/ serviço. Pensou no modelo de negócios, gerenciou fornecedores, tem uma ideia boa, enfim, você quer ser bem sucedido (em todos esses anos nessa indústria vital, ainda não encontrei um empresário que não quisesse). Vai colocar tudo a perder justamente na hora de expor sua ideia para o mundo?

Seria o equivalente a planejar uma festa de arromba o ano todo, pedir traje a rigor para todos os convidados, e no dia do evento, receber a todos de sunga de oncinha. Não faz sentido.

Para muitos, o investimento em algo que parece tão abstrato pode soar como alto. Mas pode ser seu grande diferencial na hora de colocar os pés no mercado. Lembre-se do que diz o grande mestre do marketing, Al Ries: “Você não consegue ter uma segunda primeira impressão”.

 

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