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Facebook aposta, quem diria, na privacidade

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Escaldado pelo escândalo da Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg coloca a maioria de suas fichas em algo que a Apple percebeu antes: a privacidade do usuário.

Essa semana aconteceu a conferência anual do Facebook, o F8.

Não que o movimento tenha pego muita gente de surpresa, mas Zuckerberg apenas confirmou e deu corpo àquilo que o mercado já dava como favas contadas: o foco do negócio passou a ser a privacidade.

Falar de Facebook e privacidade na mesma frase parece, por si só, algo como uma antítese. Não temos como saber se o foco seria esse se não tivéssemos o escândalo da Cambridge Analytica na memória tão recente. Mas aparentemente, a análise é que o fato machucou o Face. A Apple, pelo visto, está certa: privacidade é uma moeda.

Zuck apresentou as novidades e planos da empresa, que incluem um facelift (no pum intended) no próprio logo, e diversas mudanças que serão implementadas nas próximas semanas.

Foto: Facebook F8

Alguns pontos da conferência mostram as apostas em novos produtos da empresa:

• Um serviço de encontros/ namoro embutido na própria plataforma, chamado Secret Crush;

• Novos e melhorados modelos dos óculos de Realidade Virtual Oculus Rift, incluindo um modelo stand-alone, que não precisa de fios;

• Novo “create mode” para a câmera do Instagram;

• Nova funcionalidade do Face, que permite encontrar novos amigos;

• Novo design da plataforma, com bem menos azul, logo redondo, e uma “cara de app”, mesmo na versão desktop;

• Um novo App do Messenger, com funcionalidades estendidas, para deesktop (incluindo um dark mode);

• Possibilidade de assistir a vídeos em grupo, no messenger;

Mas o que realmente chamou a atenção no evento foram algumas vertentes que têm o potencial de mudar significativamente os hábitos de uso dos usuários, e impactarão com muito mais peso quem trabalha com marketing digital e marcas.

Integração de plataformas:

Pela forma que foram apresentados, fica bem mais implícito que o plano do Face é integrar cada vez mais Facebook + Messenger + Whatsapp. Esta é uma ação com bem mais impacto para mercados como o Brasil. Na real, o WhatsApp não faz todo esse sucesso nos EUA e Canadá, mas virou uma febre em mercados como o brasileiro e o indiano.

Quando Zuck fala em melhorar a criptografia de ponto a ponto no Messenger, está o tornando mais parecido com o Whats. E quando anuncia a versão desktop desse App, assim como as mudanças gráficas no próprio Face, mostra que está caminhando de forma a convergir as linguagens e aplicações.

Foco em grupos: 

Mais do que as diversas mudanças implementadas na funcionalidade de grupos do Face, a importância que o tema teve na conferência mostra que a empresa está aumentando o foco nesse nicho. Me parece natural: quando todo mundo reclama da curadoria que o algoritmo do Face faz em sua timeline, ambientes mais fechados, onde o conteúdo é mais focado parecem um antídoto natural para o cansaço da plataforma.

Hora de comprar:

Diversas funcionalidades de compra foram mostradas. A possibilidade de colocar tags de compras dentro do próprio feed do Instagram passa a ser oferecida também para influenciadores. O Whats também deve contar com plataformas integradas de pagamento e transferência de grana.

Isso pode impactar a indústria de e-commerce, fazendo com que pequenos negócios façam um belo bypass nas lojas virtuais e passem a fazer comércio diretamente das suas plataformas.

Privacidade é o novo mantra:

Como dissemos acima, o escândalo do ano deixou o Facebook alerta. Não se sabe ainda a extensão dessa medida. Se as plataformas vão restringir o acesso à informações demográficas ou sociais. O impacto que esse movimento pode ter em empresas de marketing digital só iremos saber no decorrer da implementação das ações.

De cara, ficamos sabendo que o Instagram vai deixar de exibir informações de número de curtidas, numa tentativa de fazer com que o usuário se preocupe menos com resultados, e mais no conteúdo. Além disso, estão criando ferramentas para diminuir o bullying virtual. Não sei se é tardio.

Conclusão:

Talvez a vida de empresas que apostam todas as fichas nas ferramentas de segmentação que as plataformas oferecem fique mais difícil. Talvez fique mais complicado descobrir que o fulano que come bolacha trakinas tem mais tendência a comprar camisas xadrez. Para mim, fica bem claro que o antídoto para essas novidades e mudanças que as plataformas, sejam elas quais forem, resolvem tirar do bolso, é o investimento em branding.

Quando a sua marca é forte, tem boa reputação, bom relacionamento com seu cliente, e de preferência não cruza fronteiras éticas para conseguir sucesso,  com certeza você está protegido contra esses engasgos do mercado. Pelo contrário, sempre será possível pensar em estratégias que tiram proveito das funcionalidades, e até das limitações.

Facebook, Instagram, WhatsApp, Google e toda a sorte de meios disponíveis no mercado são ferramentas para divulgação da sua marca. Mas todas são de propriedade externa. Mas a construção real dela é feita em inúmeros espaços, que incluem mas não se limitam por estes espaços.

 

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