Não é soberba. Às vezes, perceber que está com a ideias no lugar certo dá um prazer danado.
Foi assim que eu me senti ao ver essa live do Ricardo Amorim com Allan Barros, CEO da Pullse, no canal do primeiro.
Há algum tempo eu venho falando que a fixação de uma fatia do mercado com um tipo de marketing digital não está devolvendo os resultados que eles acham, e o pior é que eles nem estão se atentando para isso.
O advento da publicidade na internet tornada muito simples colocou uma verdadeira enxurrada de profissionais formados em cursinhos oferecidos na internet (nada contra, tem alguns bons), e palestras de clones do Érico Rocha (me abstenho). Era de se esperar: temos muito desemprego, todo mundo quer ganhar o seu, e teoricamente, o cara só precisa de um computador ou fone com acesso à internet e uma conta gratuita no Canva para se apresentar como uma AGÊNCIA DIGITAL.
Não é novidade para mim. No passado, a profissão que menos demandava era a minha. Designer Gráfico. Os cursinhos eram geralmente presenciais, ensinavam Corel Draw (nada contra, usei muito) e depois de 4 semanas formava um cara apto a inundar o mercado de flyer feio, que na verdade atrapalhava mais do que ajudava o cliente.
Por trás das suas iniciativas tem o mesmo incauto: o empresário procurando uma saída para promover seu produto ou serviço da forma mais barata que ele conseguir, e que conhece pouco ou nada do mercado de marketing e publicidade. O que assusta de verdade, é perceber que empresas grandes estão entrando nessa furada também.
Voltando a falar da live, Allan Barros tocou num ponto que eu venho repetindo há tempos: ativação em redes sociais, por si só, não vai fazer verão para empresa nenhuma. O que muda o jogo, o que realmente vende, e vai vender daqui há 1, 5 ou 10 anos, é branding.
Pela experiência que eu tenho na Propósitto, vejo que o digital por si só, é tão mais efetivo quanto mais commoditizado for seu produto. As pessoas até entram no google e buscam por areia, madeira, pneu, viagem. Mas quem já digitou “carro” em uma ferramenta de busca? Quem já teve uma dúvida sobre “hamburguer” na rede?
Difícil. Quem busca carro, busca um carro específico. Busca comparar duas marcas. Busca Mc Donalds.
Despejar grana em impulsionamento direto pode te gerar leads. Mas provavelmente será lead fraco, sem qualificação. A forma mais inteligente continua a ser construir uma marca sólida. Uma marca com a qual seu cliente se relacione. Que pense em seu cliente ao se apresentar.
Fora que os “novos caminhos tradicionais” (com toda ciência do contrasenso que essa expressão traz) nunca estiveram tão confusos. Se as redes sociais fossem tão imprescindíveis, grandes marcas como a Coca-Cola. Pepsi, e Unilever não estariam repensando suas atuações nelas.
Sempre digo a nossos clientes: Facebook é muito bom, mas é uma brincadeira do Mark Zuckerberg. Quando ele resolver mudar as regras do jogo, sua marca precisa ter vida própria para não ser sugada. E convenhamos: o ambiente social digital está tóxico.
Mais e mais pessoas estão cansadas das redes, que têm servido muito mais a proselitismo ideológico, batalhas campais políticas e despejo de chorume do que como entretenimento, que era sua função original.
Parece impossível imaginar a vida sem Twitter, Face ou Instagram, mas acreditem, tudo pode acontecer. E se acontecer, já pensou como fica sua marca se ela não tem personalidade?
Lógico, o caminho certo geralmente é mais longo. Mais árduo e requer mais criatividade. Com ciclos menores, tomadas de pulso do mercado constantes, correções sutis de caminhos. Mas é isso que os dados nos fornecem hoje em dia. Os dados pelos dados são frios.
Bom, o certo então é parar com todo investimento em marketing digital? De forma alguma! Muito pelo contrário. O que se precisa é fazer o investimento, mas de forma inteligente. Ter uma mentalidade que aqui na Propósitto chamamos de marketing 360º, que enxerga as oportunidades holisticamente. Não se esquecer que existem inúmeras formas de se consolidar seu branding, e o digital é um deles. Usar o melhor que cada canal tem a oferecer, sem se deixar contaminar por ele, e sem jamais perder de foco aquilo que realmente interessa: sua marca.
Uma campanha criativa, uma marca única, a criação de empatia com seu público, é isso que destacará sua marca das demais. Sempre foi. Mudou a mídia, mudou o método, mas o fim é o mesmo.